E se...

E se...
na aurora o sangrento cálice
Me beijar com o teu gosto
Verei e irei ao entardecer pra
Desvanecer teu santo nome
Das figueiras ou no esmorecer
De sua doçura e sua delicadeza óptica
Conspiraram-se os apólices do fim
Em vão, senhoras repudiam
O hábito de se jogar na contra-mão
E me acidentar no seus lábios
Mas o choque foi intenso,
Foi catastrófico mesmo sem arranhar
Minha orelha arrancada, uma membrana
A mais no asfalto quente ouvindo as
Idas e vindas dos pneus exaustos,
Sem sentido e sem direção
Mas minhas mãos permanecem intactas
A direita segue imóvel, e a esquerda 
Te segura no peito, enquanto escorre
Uma lágrima dissolvida no sangue
E o sol inflama nossas almas
Com a embriaguez inescrupulosa
Que só um surdo consegue ver
Então você estende a sua mão
E diz: só por hoje, desejo você
E se... eu te escutasse.

Gustavo Monteiro de Freitas