Boa tarde, benévolo leitor.
Como está? Eu estou bem, obrigado.
Chove agora na minha querida terra Natividade da Serra.
Estou preocupado com algo, trago traumas na alma que ainda não superei. Exemplo disso é que não consigo me comportar naturalmente em um almoço de família, sempre acho que estou incomodando por não falar com todos ao mesmo tempo, penso que sou sempre o inconveniente que chega atrasado, penso sempre que estou sendo aproveitador por estar almoçando na casa de alguém. Tudo tem um por quê, isso vale para todas as ciências. Quando eu tinha uns 11 anos, fui almoçar na casa de minha Vó, e meu primo perguntou se não tinha comida na minha casa, na época eu apenas fiquei irritado. Hoje, penso com mais cautela. Sinto que no fundo todas as pessoas ainda pensam isso, como se o olhar delas só disfarçasse o que elas tem de verdade por dentro, como uma película segura. Sinto-me hoje um despreparado, na seleção natural eu seria um dos primeiros a ser extintos. Sou da espécie que admira o espaço antes de reagir, sou do gênero que aprecia as emoções antes do instinto, sou de uma categoria que não reconheço, e que por mais que eu precise, penso que não mereço. Ofereço sempre de menos, pedindo sempre de mais, um egoísta consciente, um egoísta que sente mas sente demais, e sentir não é se entregar, sentir é um dos atos mais egocêntricos que o ser humano pode ter. A literatura é uma prova real desse narcisismo, e me encontro com a ideia de que para eu me tornar mais vivo e ativo, devo sentir menos e agir mais, devo ser menos humano e mais um ser qualquer, qualquer coisa que não precise saber demais a ponto de não se fazer de um besta curioso.
Como está? Eu estou bem, obrigado.
Chove agora na minha querida terra Natividade da Serra.
Estou preocupado com algo, trago traumas na alma que ainda não superei. Exemplo disso é que não consigo me comportar naturalmente em um almoço de família, sempre acho que estou incomodando por não falar com todos ao mesmo tempo, penso que sou sempre o inconveniente que chega atrasado, penso sempre que estou sendo aproveitador por estar almoçando na casa de alguém. Tudo tem um por quê, isso vale para todas as ciências. Quando eu tinha uns 11 anos, fui almoçar na casa de minha Vó, e meu primo perguntou se não tinha comida na minha casa, na época eu apenas fiquei irritado. Hoje, penso com mais cautela. Sinto que no fundo todas as pessoas ainda pensam isso, como se o olhar delas só disfarçasse o que elas tem de verdade por dentro, como uma película segura. Sinto-me hoje um despreparado, na seleção natural eu seria um dos primeiros a ser extintos. Sou da espécie que admira o espaço antes de reagir, sou do gênero que aprecia as emoções antes do instinto, sou de uma categoria que não reconheço, e que por mais que eu precise, penso que não mereço. Ofereço sempre de menos, pedindo sempre de mais, um egoísta consciente, um egoísta que sente mas sente demais, e sentir não é se entregar, sentir é um dos atos mais egocêntricos que o ser humano pode ter. A literatura é uma prova real desse narcisismo, e me encontro com a ideia de que para eu me tornar mais vivo e ativo, devo sentir menos e agir mais, devo ser menos humano e mais um ser qualquer, qualquer coisa que não precise saber demais a ponto de não se fazer de um besta curioso.
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